Os indícios acerca dos barbeiros no Brasil remontam ao início do período colonial quando o ofício aqui chegou com os padres jesuítas. Em 1549, os barbeiros, como os cabeleireiros, eram inseridos nas classificações de artes e ofícios no Brasil como artes distintas, diferença que permanece até os dias de hoje. Porém, a atuação e modo de trabalho dos barbeiros não são registrados, embora possamos constatar indícios de sua existência apenas.

O ofício de barbeiro como todos os demais ofícios trazidos pelos jesuítas eram ensinados aos nativos brasileiros com o objetivo de instaurar a civilização na nova terra. Para impor a forma de vida dos jesuítas, destituíam-se as formas sociais de produção e a vida dos índios.

Criar a laboriosidade entre os índios não foi nada fácil, isto devido a seu nomadismo ancestral. Mas foram os “cirurgiões-barbeiros”, portugueses e castelhanos, cristãos-novos ou meio-cristãos-novos dos séculos XVI e XVII que podem ser considerados os primeiros barbeiros do Brasil.

Do século XVII até fins do século XIX, a profissão de barbeiro vai ser relegada aos escravos, que se destacavam como barbeiros ambulantes. Eles trabalhavam para os seus senhores cortando cabelo e aparando barbas dos negros de ganho e dos homens livres pobres que, muitas vezes possuíam aprendizes escravos. Esses negros, mulatos e até homens livres pobres, que atuavam como barbeiros, possuíam um instrumental que incluía navalhas, pentes, tesouras, lancetas, ventosas, sabão, pedras de amolar, bacia de cobre, escalpelos, boticões, escarificadores, alçapremas, torqueses e sanguessugas.

Debret vai retratar a atuação deste profissional que, no Rio de Janeiro, durante o inicio do império é quase sempre negro ou pelo menos mulato e desenvolve a atividade de barbeiro hábil, um cabeleireiro exímio, um cirurgião familiarizado com o bisturi e um destro aplicador de sanguessugas, que sabia até executar, no violão ou na clarineta, valsas e contradanças (DEBRET, 1965, p. 151).

Daí pode-se entender que há um acúmulo de atividades por esse profissional, que o diferencia de certa forma do cabeleireiro. Debret ainda explicita que alguns cabeleireiros mais decentes, hispano- americanos, vindos em 1822 de Montevidéu, e, principalmente, os camarins perfumados dos cabeleireiros franceses da Rua do Ouvidor. Aí, com efeito, se instalou um dos meus compatriotas, trânsfuga de uma loja elegante da rua Saint-Honoré, em Paris… com uma modista muito inteligente (DEBRET, 1965, p.153).

 

Isto nos faz perceber que o cabeleireiro tinha um maior prestígio social, se tivermos em conta que os mais decentes eram estrangeiros e viviam em um meio cujos freqüentadores tinham condições financeiras razoáveis: teatros e camarins. Enquanto que os barbeiros, por serem escravos ou homens livres pobres, detinham um menor prestígio social, sendo seus fregueses pessoas de classes mais baixas.

 

Além disso, se os barbeiros destacavam-se pela variedade que sabem dar ao corte de cabelo dos negros de ganho (DEBRET, 1965, p. 149), os cabeleireiros fabricavam perucas e se instalavam com modistas. A presença de mulheres no local de trabalho dos cabeleireiros é significativa, pois, de acordo com as reflexões sobre o cirurgião-barbeiro do século XVIII, Betânia Figueiredo argumenta que não encontramos nenhuma referência à presença de mulheres no oficio dos barbeiros. A questão de gênero é muito importante na diferenciação entre barbeiros e cabeleireiros. Isso nos leva a pensar que o barbeiro estava mais para área da saúde e das classes mais pobres e o cabeleireiro para área da higiene e beleza e das classes abastadas.

 

Em 1871, a atividade do barbeiro encontra-se dividida em três áreas: o barbeiro que faz barbas e corta cabelos, o barbeiro de lanceta, sangrador e o barbeiro de espadas. A utilização de instrumentos cortantes era um fator que identificava essas três atividades, pois eles possuíam a habilidade de desempenhar trabalhos a partir da utilização das navalhas e dominavam o mesmo instrumental de trabalho: as navalhas, as lâminas, todos instrumentos cortantes e afiados.

 

Além disso, o barbeiro tinha como marca o trabalho manual. Uma atividade que, por estar vinculada com a carne e o sangue em uma sociedade marcada pela presença do trabalho escravo, o prestigio do barbeiro não era elevado. À medida que adentramos o século XX, sua atuação vai se restringindo apenas a fazer barbas e cortar cabelos.

 

Embora tenhamos apenas indícios dos barbeiros desde a chegada dos colonizadores, com os jesuítas, a trajetória destes profissionais é algo sobre o qual os historiadores muito pouco se debruçaram. Devido à escassez de fontes, registramos este pequeno esboço histórico para mostrar que eles estiveram presentes desde o início da colonização portuguesa no Brasil.

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Já se foi a época em que vaidade era coisa de mulher. O mercado de beleza está cada vez mais abrangente e nessa fatia importante da economia os homens estão aos poucos garantindo seu espaço.O público masculino é alvo para muitas indústrias de cosméticos e o Brasil já figura em terceiro lugar dentre os países do mundo em consumo de produtos de cuidados com beleza.

De acordo com ABIHPEC (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), o homem contemporâneo já representa 16% do mercado consumidor de cosméticos no país. Atualmente a cidade do Rio de Janeiro conta com 3.141 estabelecimentos de tratamento de beleza, e cresce constante a uma taxa média de 5,2% ao ano.

Com esse crescimento, o mercado de barbearia vem despontando, com espaços sofisticados e com mix de serviços diferenciados e com uma linguagem contemporânea para o público masculino que a cada dia se torna mais exigente. Sempre ligado venho hoje trabalhar pra você.